
(Extraído do Manual do Congregado Mariano de 1948.)
Roma e o Colégio Romano foram o berço da primeira Congregação Mariana, cuja fundação Deus reservara a um jesuíta belga, o Padre Jean Leunis (1532-1584). Em 1563, reunia, a princípio semanalmente, depois todos os dias, aos pés de Nossa Senhora, os seus discípulos e muitos que não eram, orando todos à Santíssima Virgem e ou- vindo, a seguir, uma breve leitura espiritual. Nos domingos e festas, cantavam-se Vésperas solenes. Um ano depois, em 1564, eram já setenta os Congregados, e davam-se à Congregação as primeiras Regras, que podem ser resumidas assim:
Fim primário: Progresso na sólida piedade e no cumprimento dos próprios deveres, sob a proteção e com a ajuda da Santíssima Virgem.
Meios: Confissão semanal, ouvir Missa a cada dia, rezar o rosário e fazer outras orações do Manual.
Nos dias de aula, depois desta, faziam um quarto de hora de meditação e outro quarto de hora de exame de consciência dos próprios deveres. Nos domingos e festas, canto das Vésperas, instrução pelo Diretor, visita aos hospitais e outras obras de caridade. Com o passar do tempo, formou-se, ao lado da Congregação, uma Academia, em que se apresentavam trabalhos escritos, muitos deles dramáticos, e se discutiam teses com argumento determinado, sendo muitas vezes as sessões honradas com a presença de homens notáveis por seu saber ou posição social.
A semente era abençoada e começou logo a frutificar largamente em novas Congregações, que surgiram e se espalharam por toda Europa e, de- pois, pelas Américas, sempre ligadas a Prima-Primária, para, juntamente com ela, receber todos os benefícios e indulgências tão ricamente concedi- dos pelos Santos Padres ao longo da História.
O Céu abençoava a nascente instituição, e não demorou para que ela fosse agraciada pelo Papa Gregório XIII, que, chamando a Congregação de “escola de virtudes”, deu-lhe existência canônica através da Bula Omnipotens, de 5 de dezembro de 1564, pela qual também concedeu muitas indulgências.
Sisto V, Clemente VIII e Gregório XV confirmaram as mesmas graças e privilégios, mas foi Bento XIV que, não só confirmou as graças concedidas por seus Predecessores, como teceu inúmeros elogios e outorgou, ainda, à Prima-Primária novos poderes:
“É incrível, a grande utilidade, que, para os homens de todas as condições, resulta desta louvável e piedosa instituição. Uns, seguindo desde a mais tenra idade, sob a proteção da Bem-Aventurada Virgem Maria, o caminho da inocência e da piedade, conservam até o fim um proceder IRREPREENSÍVEL, digno de um discípulo de Jesus Cristo e de um servo de Maria, merecendo, com tão santa Vida, a coroa da perseverança final.”
Bula Áurea “Gloriosæ Dominæ”. Papa Bento XIV.
Inúmeros outros elogios, graças e privilégios foram ainda acrescentados à Congregação Mariana, e, em parte, foi por esse enorme relevo que as Congregações tiveram, entre seus membros, muitos nobres, príncipes e duques, que também se santificaram pela Regra e pelo Manual.
Até o momento, esse primoroso grupo, funda- do pelo Padre Leunis, deu à Igreja pelo menos 82 santos canonizados, 49 Beatos, muitos mártires, fundadores de institutos religiosos, missionários e centenas de leigos totalmente católicos. Outro Papa que teve grande importância para a Congregação foi Pio XII, que chegou a chamar o grupo de “Falanges Marianas”.
No Brasil, as Congregações existem desde 1583, quando a primeira foi fundada no Colégio dos Jesuítas, na Bahia, por São José de Anchieta. Elas permaneceram nos diversos colégios dos Jesuítas durante o período de Colônia, até 1759. Naquele ano, os Padres da Companhia foram retirados do Brasil. Em 31 de maio de 1870, foi em Itu, São Paulo, no Colégio São Luís, também dos Padres Jesuítas, que a primeira Congregação Mariana do Brasil nos tempos modernos foi fundada. A partir daí, se expandiu para além dos colégios, abrangendo principalmente paróquias por todo o País.